07 janeiro 2012

alimento

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"A perda galopante da diversidade do trigo a nível mundial constitui um motivo especial de preocupação. Um dos mais antigos adversários do trigo, o fungo Puccinia Graminis, causador da ferrugem-negra-do-trigo, está a espalhar-se pelo globo. A encarnação mais recente da doença, uma estirpe virulenta e de dissemenação rápida, receber o nome de Ug99 por ter sido indentificada no Uganda em 1999. Deste país alastrarou ao Quénia, Etiópia, Sudão e Iémen. Em 2007, já saltara sobre o golfo Pérsico, entrando no Irão. Segundo estimativas recentes, a Ug99 irá em brve invadir as regiões cerealíferas da Índia e do Paquistão, infiltrando-se em seguida na Rússia, na China e depois na Europa e no Continente americano. Basta um pedaço de um esporo no sapato de um passageiro de avião. Cerca de 90% do trigo do planeta não possui defesas contra a Ug99. Se o fungo chegasse aos EUA, estaria em risco um valor calculado em 711 milhõesde euros de trigo. Só na Ásia e em África a quota em perigo eminente deixaria mil milhões de pessoas privadas da sua principal fonte de alimento."


Imagem 2- Puccinia graminis.


"Atendendo aos desafios levantados pelas alterações climáticas e por doenças em mutação constante, como o Ug99, torna-se urgente desciobrir formas de aumentar o rendimento dos géneros alimentares sem exacerbar a anemia genética que actualmente põe em risco a abundância ostensiva da agricultura industrializada. O planeta vem-se tornando cada vez mais dependente de soluções de base tecnológica e formato único para os seus problemas. E contudo as melhores esperanças para o futuro da segurança alimentar poderão depender da nossa capacidade para preservarmos os géneros alimentares do passado, cultivados a nível local."

Lido na National Geographic Portugal, edição de Julho 2011.

Pelo que estava descrito esta foi a primeira coloboração de Charles Siebert com a revista. Parece-me que foi uma excelente coloboração. Foram várias páginas que tive o prazer de ler e assimilar.

E também me deixa preocupado, esta nossa necessidade de produzir mais alimento, procurando plantas que tenham mais rendimento, torna-nos mais vulneráveis. Cultivar apenas um tipo de alimento, depender tanto de uma fonte.

Porque não incentivar os pequenos agricultores a produzir várias colheitas e facilitar a sua distribuição, incentivar novos agricultores e facilitar a venda destes produtos aos centros comerciais. Porque não aproveitamos ao conhecimento dos agricultores para formar novos agricultores. O interior está cada vez mais vazio e estamos cada vez mais dependentes de determinados alimentos e que vêm quase sempre dos mesmos locais. Isto pode ser muito perigoso, tanto para nós como para a diversidade das plantas e dos animais. Se temos um interior que já foi rico a produzir alimentos porque não voltar a incentivar esta produção? Além de tornar as pessoas mais independentes, o país seria mais independente... Acredito que isto seria uma aposta nas pessoas e variedade não falta, é só escolher o que melhor se enquadra na região e há muito por onde escolher (link). E não é demais repetir, era uma boa forma de trazer muita gente de volta para o interior que tem tanto para oferecer.

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Eu compreendo que já seja do conhecimento geral que devemos proteger o planeta. Mas sinto que ainda há algum caminho a percorrer. Embora sejam conhecidos, estes assuntos são tratados de uma forma geral, como se não tivessem grande importância. Como se "fosse o mal do outros", ou "se calhar nem é assim tão mau." A nossa vida e a de todas as espécies do planeta dependem disto. A forma como exploramos a terra é um dos pontos que devemos ter atenção. Sem isso...temos poucas hipóteses para sobreviver.

3 comentários:

V. disse...

sim... tens toda a razão. Infelizmente as pessoas ainda olham para o interior com desdém, como o meio do nada. A civilização é que é boa. Para além disso ninguém quer trabalhar no campo, na agricultura. Tirar cursos superiores é que está na moda (can´t blame them though). E o mais preocupante é que já restam poucas pessoas que "conheçam a terra". Era um conhecimento que passava verbalmente, de pai para filho. Não há literatura nem cursos superiores. O que plantar, onde plantar, quando plantar, em cada região, é algo que está prestes (s não está já em algumas zonas) a extinguir-se. Já quase não existem pessoas que saibam. A "sabedoria antiga", resultante de centenas de anos de exploração mais ou menos sustentável dos recursos naturais, a modos que quase desapareceu durante o último século com o boom da tecnologia e a migração das pessoas para as zonas urbanas. Acredito no entanto que esta situação se vai reverter mais cedo ou mais tarde :) não digo que vamos voltar á agricultura tradicional, mas haveremos de inventar alguma coisa :) nunca se soube tanto sobre como os seres e os ecossistemas funcionam, só temos que conseguir aplicar o conhecimento "ao que interessa". Dava jeito era que não existissem pressões sociais/económicas para que as coisas se mantenham como estão... mas pronto.

Paul d.C. disse...

Concordo contigo Vanessa, temos agricultores com um conhecimento fantástico sobre culturas. E muitos nem se apercebem da riqueza que têm.

Espero que ainda vamos a tempo de salvar todo este conhecimento e fazer algum bem.

bom fim de semana, ou melhor, bom domingo =)

V. disse...

eheh espero q sim =)

obrigado e bom domingo p ti também ;) aproveita q está um dia bem bonito :)